Pincéis.

Em 1983, chegou em nossa oficina (era assim chamado nosso local de trabalho), uma pessoa que na época devia ter uns vinte e cinco anos, vindo de Belo Horizonte/MG.
Não me recordo de seu nome, dizia ser pintor letrista e pedia uma oportunidade de mostrar seu trabalho em nossa cidade, meu patrão e professor logo se empolgou com o rapaz, e deu lhe a oportunidade que o mesmo pedia.
Aparecia muito este tipo de pessoa em nossa cidade, aqueles profissionais andarilhos, passam de cidade em cidade, não se fixam em lugar nenhum.
Enfim foi-lhe dado a oportunidade de trabalhar em uma placa e ele demonstrou ser de fato um excelente profissional, riscava letras muito bem (era melhor que o patrão) rsrs.
Lembro que me preocupei e cheguei a comentar com ele o perigo que eu estava correndo se ele permanecesse por mais tempo em nossa cidade, pois poderia perder o meu emprego, nisto ele logo me tranquilizou dizendo que estava só de passagem, (ufa!).
Mas o que realmente me intrigou foi o profissionalismo dele, em todas as áreas da profissão, inclusive na limpeza do material que ele havia recém utilizado, me intrigou na hora em que ele limpava seus pincéis (tinha os dele próprios), depois de haver lavados os mesmos e bem lavados ele pegava graxa e aplicava nos pincéis, espremia o excesso e deixava eles bem abertos, na forma de um leque.
Garoto que era (dezesseis anos), logo perguntei porque fazia aquilo com os pincéis, e ele falou que era para proteger os pinceis e deixava na forma de leque para quando fosse reutiliza-los eles abririam mais facilmente e a largura das letras sairiam com mais facilidade.
Porém o tal rapaz tinha um defeito que reparamos logo-logo...e um defeito muito chato, era um fanfarrão danado, se achava o melhor de todos e ai ninguém merece não é?