Quase um mestre

A vida nos surpreende as vezes; Quando garoto (16 anos) eu tinha um amigo chamado Ary, ele assim como eu adorava desenho, ele praticava mais o desenho artístico e eu era mais o desenho humorístico, aqueles caricatos, tínhamos a ilusão de um dia viver disso, imagine...Em um determinado dia nos encontramos em uma rua e perguntei a ele porque não aparecia a tanto tempo, ele me disse que estava trabalhando, era aprendiz na profissão de pintor, logo perguntei em qual residência ele estava trabalhando, foi quando me disse que era "pintor de placas", e melhor ele tinha comentado com o patrão dele sobre mim e o mesmo ficou interessado, perguntou se eu queria ir la tentar aprender a profissão, aceitei na hora e marcamos para o dia seguinte.
Evidentemente que meu amigo era bem melhor que eu pois já tinha umas semanas que estava praticando, porém o patrão logo me deu pincel e tinta e mandou que eu pintasse umas letras bem pequenas, ai me dei bem pois praticava com tinta nanquim e tinha certo costume com pincel.
Enfim, o tempo passou o patrão apostou mais em mim do que em meu amigo, apesar dele estar bem a frente de mim em tempo de aprendizado, ele se aborreceu e saiu, tentou continuar, até abriu uma "oficina" ou ateliêr se preferir, estive visitando ele várias vezes, depois desistiu e foi para uma grande cidade (São Paulo), não deu certo, quando voltou foi trabalhar de pedreiro, faz isto até hoje depois de trinta e dois anos.
Conclusão? Ele realmente não tinha o dom para a profissão, digo isto porque depois de me tornar profissional pude analisar os poucos trabalhos dele, ele não conseguia elaborar uma distribuição equilibrada o esboço era sempre confuso.
Na realidade o patrão tinha razão em me escolher, ele tinha a experiência necessária para isto, e percebeu que ele não tinha o "dom" para a profissão.