Cavadeira & Paceta

                                                  
Andava pelas ruas de minha cidade (na qual morava na época) e ia olhando os letreiros que existiam no comércio em geral da região, achava muito bonito todas aquelas cores e desenhos, até hoje lembro de uma galinha  desenhada em uma placa.
Quem diria que depois de onze anos eu estaria iniciando naquela profissão, aos dezesseis anos fui convidado por meu amigo Ary a aprender a profissão em uma oficina de minha cidade, chegando la o nosso mestre Souza não quis nem saber e foi logo me dando um pincel e mandando que eu começasse a pintar uma plaquinha de mais ou menos 60x40, aquelas escrito sobre "proibido a caça e a pesca nesta propriedade..." logo me adaptei e consegui facilmente aprender e comecei a gostar daquilo, arrastar pincel o dia inteiro sempre foi meu sonho, rsrs, o duro era na hora do pagamento, pois o valor quase me desanimava em continuar aprendendo a profissão.
Em um belo dia fui convidado a ajudar na colocação de uma placa, nunca tinha participado deste tipo de trabalho, fiquei na expectativa das ferramentas que seriam preparadas para o trabalho, foi duro reparar que eles separaram uma cavadeira, olhei para minha mão de menino e logo desanimei, quem mais desanimou foi o patrão quando fez a besteira de me oferecer as ferramentas para ajudar a cavar os buracos para a sustentação da placa, pois logo os CALOS surgiram, e tive que para de cavar, notei que a profissão iria exigir um pouco mais do que arrastar pincéis, logo estava carregando uma escada nas costas em pleno centro da cidade, morrendo de vergonha de ser visto por alguém conhecido.
Sem falar em ficar pendurado a cinco metros de altura amarrado com uma corda na cintura de forma precária.
Tem gente que acha que pintor letrista é só ficar com lápis e pincel na mão só desenhando, estamos bem longe desta situação, pegamos muito sol nas costas, suamos muito nesta profissão, concorda?